A Endometriose é uma doença que acomete as mulheres em idade fértil e que consiste na presença de endométrio em locais fora do útero. O endométrio é a camada interna do útero que é renovada mensalmente pela menstruação, ou, na gravidez, o local onde o óvulo fecundado se acomoda.
Durante o ciclo menstrual, os hormônios, estrógeno e progesterona, estimulam o crescimento das células do endométrio para receber uma possível gestação. Se esta não ocorrer, haverá a eliminação deste tecido, sob a forma de sangramento, o chamado fluxo menstrual (menstruação).
Quando essas células se desenvolvem fora do útero também responderão aos hormônios. Como muitas vezes não existe a possibilidade da eliminação desse sangue, podemos ter como consequência as aderências. Essas prendem órgãos como trompas, ovários ou outros tecidos. Isso pode causar dor mensal e até infertilidade, se o ovo não puder entrar na tuba ou for bloqueado no seu caminho para o útero.
A Endometriose geralmente aparece na pelve, acomete os órgãos pélvicos, bem como intestino, bexiga, peritônio (membrana que reveste a parede abdominal e pélvica) e ligamentos de sustentação também podem ser envolvidos. Raramente áreas distantes como pulmão, fígado, cérebro ou locais de incisão também podem ser afetados. Outra forma de apresentação da doença é a adenomiose (endometriose dentro do músculo uterino, o chamado miométrio), que também pode causar sintomas semelhantes.
Algumas mulheres acometidas pela Endometriose não apresentam sintomas. Outras podem ter sintomas como:
• Sintomas similares à infecção do trato urinário sem ter infecção;
• Sangramento antes da menstruação;
• Cólicas menstruais cada vez piores, apesar do uso de medicamentos;
• Períodos menstruais irregulares e mais frequentes;
• Dor em baixo ventre durante ou antes da menstruação;
• Dor pélvica após exame ginecológico ou exercício;
• Dor na relação sexual;
• Infertilidade.
A ocorrência da Endometriose é mais comum em mulheres inférteis, adolescentes jovens com dor severa na menstruação, ou mulheres com história familiar de Endometriose. Ela aparece em 15% a 30% das mulheres que fizeram laparoscopia e em até 50% das adolescentes com cólica menstrual, que não respondem a pílulas para regularizar a menstruação.
Não se conhece ainda a causa da doença, mas existem várias teorias:
• Teoria da menstruação retrógrada - contração dos músculos do útero, que pode provocar a saída do endométrio através das trompas, e chegando na cavidade abdominal ele começa a crescer;
• Teoria do sistema imune - problema com o sistema imune que leva as células a se esconderem dentro dos tecidos e crescerem em locais além do útero;
• Teoria genética - Algumas famílias possuem fatores que permitem crescimento de células anormais.
Infelizmente não há prevenção para a doença. O diagnóstico e tratamento precoce podem evitar a formação de aderências.
Na gravidez, o uso de pílula anticoncepcional e progesterona sintético parecem retardar o início e a progressão da doença.
O diagnóstico de certeza é através da cirurgia. Antes dela, o médico pode fazer um exame ginecológico para procurar algumas alterações no útero, nas tubas e nos ovários.
Outro sinal importante é a dor localizada que é referida durante o exame ginecológico. Através da laparoscopia podem ser vistas as células anormais no abdômen, ou a presença de aderências.
A doença pode não causar problema em longo prazo. Algumas mulheres com a Endometriose não sentem dores e não apresentam infertilidade. Quando há problemas, elas podem ter dor pélvica constante, aderência de intestinos levando a obstrução, dores na bexiga e no reto, infertilidade, infecção do peritônio causado pela ruptura do endometrioma, e lesões renais.
O tratamento precisa considerar o desejo da mulher em ter filhos, seus sintomas, a extensão da doença e a idade da mulher. Essa doença pode nunca ser curada ou eliminada, mas o crescimento pode ser diminuído e as aderências removidas para melhorar a fertilidade e os sintomas.
As opções de tratamento incluem:
Observação: mulheres com poucos sintomas e que desejam engravidar podem apenas acompanhar a evolução da doença.
Controle da dor: anti-inflamatórios, como ibuprofeno e acetaminofeno, que não alteram o curso da doença.
Hormônios: pílulas anti-concepcionais e altas doses de progesterona podem ajudar no controle da doença. Análogo de GnRH inibem a produção de gonadotrofinas (hormônios) pela hipófise que, consequentemente, não estimulam o funcionamento dos ovários e impedem a ovulação. Devido à possibilidade de perda óssea, só pode ser usado por 6 meses.
Cirurgia: o objetivo da cirurgia - laparoscopia ou laparotomia - é remover a Endometriose e aderências.
Os efeitos colaterais dependem do tipo de tratamento. Efeitos comuns no uso de hormônios em altas doses são: depressão, sangramento menstrual irregular, ganho de peso, dor de cabeça e oscilações de humor.
Questiona-se a recidiva da doença. Atualmente acha-se que uma cirurgia bem preparada e realizada por profissional experiente tem alta taxa de cura. Apesar do tratamento, a dor pélvica pode voltar e a fertilidade ser prejudicada. A boa notícia é que após a cirurgia, a gravidez ocorre em 75% naquelas com doença leve, 50% a 60% com doença moderada e 30% a 40% com doença severa.
Consultoria:
Dra. Ana Maria Massad Costa - Ginecologista e Obstetra
Fonte: Planeta Bebê
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