sexta-feira, 20 de abril de 2012

Relactação

Relactação é um termo utilizado para a mulher que já esteve grávida em algum momento da vida e quer voltar a amamentar um bebê, seja ele biológico ou não. Isso mesmo! É a engenharia perfeita do corpo humano atuando em favor da alimentação natural.

Estudos mostram que a relactação ganhou força em situações de catástrofes, salvando vidas de muitas crianças que ficaram órfãs após a II Guerra Mundial, as quais eram amamentadas por outras mulheres, sendo uma fonte segura de alimento. Nos dias de hoje a técnica é amplamente empregada em comunidades pobres da África e da Índia. Há relatos de que em tribos africanas, em 1909, as avós relactavam para amamentar seus netos por tradição cultural.

As indicações são muitas, mas no Canadá e no Brasil tem ajudado mamães nas seguintes situações:


• Aquelas que não puderam amamentar seus bebês logo após o nascimento, por internações maternas ou do bebê;

• Bebês com alergias alimentares após desmame precoce como, por exemplo, a alergia ao leite de vaca;

• Mamães que apresentam alguns casos de hipogalactia, que é a diminuição da produção de leite materno;

• Diante das dificuldades iniciais da amamentação, algumas mamães desmamam seus bebês por falta de orientação profissional, desmotivação e influência de terceiros, mas podem ser beneficiadas com a relactação.


A técnica é muito simples e pode ser conduzida por um profissional de saúde com sólidos conhecimentos em aleitamento materno: Uma sonda nasogástrica nº4 tem suas pontas cortadas e aparadas. Uma das extremidades é afixada com fita hipoalergênica junto ao mamilo e a outra é mergulhada em um recipiente com leite humano, que pode ser conseguido em um banco de leite. Ao sugar, o bebê recebe o alimento através da sonda, ao mesmo tempo em que estimula a produção dos hormônios hipofisários, prolactina (responsável pela produção de leite) e a ocitocina (responsável pela ejeção do leite). O interessante é que o bebê não desiste de sugar o seio porque recebe dele o leite para saciar suas necessidades, ainda que não seja inteiramente o leite de sua mãe.

Para que as etapas sejam bem sucedidas, é essencial o acompanhamento de um profissional, além de muita motivação materna e envolvimento familiar. A mamãe deverá estar disponível para as mamadas que deverão ocorrer sob livre demanda ou no máximo a cada duas horas, inclusive no período noturno, onde a secreção de prolactina é mais acentuada. Além disso, o profissional deve cercar todos os fatores de risco que podem levar o processo ao fracasso, através de estratégias pontuais e preparo do ambiente para que a mamãe não fique ansiosa ou viva situação de forte estresse.

A boa notícia é que os resultados podem aparecer em uma semana, podendo levar entre 15 e 45 dias para que a produção de leite se restabeleça por completo. Vale ressaltar que apesar de 84,8% das mulheres conseguirem relactar, deve-se considerar que quanto mais jovem for a criança, mais fácil será para fazer com que ela volte a mamar, por não ter tido contato prolongado com bicos artificiais e outros alimentos. Além disso, estudos mostram que relactar é mais fácil quando o intervalo entre o parto e o início da relactação é menor que seis meses. O gráfico a seguir ilustra os principais fatores que afetam a relactação:




É possível perceber que o fator mais expressivo é a correta estimulação das mamas, acompanhado por apoio profissional, desejo e idade do bebê, apoio familiar e motivação materna.


Matéria cedida gentilmente pela nossa colaboradora, Enfª Grasielly Mariano
Consultora e Pesquisadora em Aleitamento Materno - COREN 024.093
A Enfª Grasielly é membro do Núcleo de Ensino e Pesquisa em ALeitamento Materno da Escola de Enfermagem da USP, autora de mais de 20 artigos científicos sobre amamentação e relactação e palestrante em congressos nacionais e internacionais. Na Lactare PromoPrevent atua como consultora em aleitamento materno e gerente de projetos para grandes corporações empregadoras de mulheres, elaborando e gerindo atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças à população feminina.

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